O UniBrasil Centro Universitário, através do Projeto UniBrasil Futuro, receberá no próximo dia 11 de setembro um dos maiores estudiosos da história econômica brasileira, Jorge Caldeira. O evento ocorrerá no auditório Cordeiro Clève, às 19 horas, com entrada gratuita.
Caldeira virá proferir palestra com o tema “História Econômica do Brasil – os novos conhecimentos trazidos pela econometria”, focando as mudanças atuais desta área. Também fará o lançamento de seu mais recente livro de ensaios, “Nem Céu Nem Inferno”, em que desconstrói mitos e clichês do pensamento histórico brasileiro.
O convidado
Talvez numa vertente do “complexo de vira-lata”, de Nelson Rodrigues, a opinião que o brasileiro costuma ter da história de seu país é geralmente derrisória e pouco relacionada com a realidade. Como se fosse preciso justificar um mal-estar com a situação presente através de pecados e omissões do passado, maiores e diversos do que foram de fato. Assim, considera-se que as instituições sempre foram frágeis e nunca funcionaram adequadamente, os órgãos de representação legislativa atuaram a reboque de um poder centralizado, durante o período colonial e mesmo no Império a economia esteve atrelada apenas aos interesses das metrópoles portuguesa e depois inglesa, não temos tradição democrática e muito menos capitalista empreendedora. Caldeira vai contra esta vertente, não por coincidência seu livro de maior sucesso é “Mauá: empresário do Império” em que biografa o industrial empreendedor e visionário do século dezenove; em “Nem Céu Nem Inferno”, agora em lançamento, investe contra o gesso do pensamento nacional, mostrando o dinamismo e até a característica democrática das câmaras municipais brasileiras, realidade de mais de duzentos anos.
Mas não se pense que Jorge Caldeira ilude-se quanto à realidade que vivemos, ele a enxerga sem clichês ou slogans positivos ou negativos. Como mostra trecho de entrevista que concedeu à Revista Época Negócios:
“Eleição, para que a coisa seja para valer, tem de ter um nexo entre o que se fala e o que se faz. O eleito se compromete com o eleitor. Mas o Collor disse: “A poupança é sagrada”. E fez o que fez. Isso rompe o vínculo entre o que foi prometido e o que foi feito. O mesmo ocorreu quando Dilma disse que “não vai haver mudanças, não temos crise…”. Um político só pode ter esse tipo de atitude se pressupõe que os pobres são idiotas e não sabem o que estão fazendo quando votam. No jogo da representação, a palavra precisa ter um valor. É um compromisso real. Se o político acha que o eleitor é uma ficção, o seu compromisso será de ficção. ”
Estudar História é muito importante, inclusive para não a repetir, mas torna-se mais importante num tempo e lugar em que muitos políticos dizem até ter inventado a roda e a pós-verdade ocupou o centro do palco; Caldeira representa hoje uma das mais importantes vozes do pensamento histórico brasileiro, e é essencial ouvi-lo para entendermos o país em que vivemos.
Texto: Wanda Camargo