Em mais um evento da parceria entre o Graciosa Country Clube, UniBrasil Centro Universitário, Solar do Rosário e Casillo Advogados, o diplomata, economista e cientista social Marcos Troyjo virá a Curitiba proferir palestra no próximo dia 23 de agosto, às 20 horas na sede social do Graciosa.
Marcos Prado Troyjo é graduado em ciência política e economia pela Universidade de São Paulo (USP), doutor em sociologia das relações internacionais pela USP e diplomata. É integrante do Conselho Consultivo do Fórum Econômico Mundial, diretor do BRICLab da Universidade Columbia, pesquisador do Centre d´Études sur l´Actuel et le Quotidien (CEAQ) da Universidade Paris-Descartes (Sorbonne), fundador do Centro de Diplomacia Empresarial e conselheiro do Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE).
É colunista do jornal “Folha de São Paulo”, e considerado uma das maiores autoridades em prever acontecimentos no cenário internacional. Foi conferencista convidado nos principais centros de conhecimento do mundo, como a Universidade Harvard, Yale University, University of Washington, Columbia University, MIT (Massachusetts Institute of Technology), Tsinghua University (China), IE-Instituto de Empresa (Espanha), New Economic School (Rússia) e mais de outros 20 países.
Ele também serviu como diplomata licenciado por 10 anos, foi Secretário de Imprensa da Missão do Brasil junto às Nações Unidas, em Nova York, e já participou da Delegação do Brasil junto ao Conselho de Segurança da ONU.
Segundo suas declarações publicadas em 13 de julho na Revista digital Crusoé:
“Hoje, estamos testemunhando no mundo os movimentos iniciais de uma assombrosa guerra comercial. Movido por uma série de diagnósticos — a maioria equivocados — sobre a perda de competitividade de alguns setores industriais nos EUA e do acúmulo de déficits comerciais, Donald Trump impõe barreiras a outros países e às próprias empresas americanas. […] num mundo economicamente interconectado, em se considerando diferentes teatros de operações, todos perdem com o protecionismo.
[…] o Brasil é responsável por algo como 1% de todo o comércio global. E este — entendido como soma do total de importações e exportações — representa apenas pouco mais de 20% do PIB (produto interno bruto) brasileiro. Tal constatação, num mundo comercialmente conflagrado, pode ser vista como vantagem — mas certamente não é. Na superfície, a conjuntura oferece a falsa impressão de que os comercialmente isolados saem vencendo. Ou ainda que a aposta no comércio exterior está fadada ao fracasso, pois o atual cenário de desglobalização veio para ficar. […] ao longo dos anos, a interdependência prevalece sobre o isolamento. O comércio foi a principal ferramenta de promoção de riqueza no pós-Segunda Guerra (e também no pós-Guerra Fria). Que o digam atores tão variados quanto Japão, Alemanha, Coreia do Sul, Espanha, China ou Chile. O que há de comum entre esses países? Alguns são asiáticos, outros europeus, um é latino-americano. Alguns são democráticos, outros viveram, ou ainda vivem, regimes de ditadura. Um dos poucos traços em comum nesses diferentes modelos é que todos têm elevado percentual de comércio exterior nas suas economias. Não é o caso do Brasil.Por que isso acontece? Ora, o Brasil jamais construiu uma estratégia de inserção comercial internacional. Pior, é como se o país estivesse em guerra comercial contra si próprio. Não fizemos acordos com os grandes mercados compradores do mundo. Não abrimos frentes, com esforços de promoção comercial mediante escritórios em centros globais como Dubai, Londres, Paris, Singapura ou Hong Kong. […] a guerra comercial do Brasil contra si se manifesta também na confusão conceitual.
Embaralham-se noções como “abertura comercial” e “inserção internacional competitiva”. Unilateral ou negociada, abertura tem a ver com diminuição de barreiras internas e externas na forma de tarifas, quotas, subvenções e subsídios, idiossincrasias técnicas e burocráticas. Tudo isso é importante, mas não basta. É fundamental que se promova — em sincronia e sintonia com a abertura — a inserção competitiva. Isso significa promover a cooperação fina entre atores do setor privado, governo e diplomacia, para aumentar quantidade e qualidade do comércio do país.
Quando essa ausência de visão-estrutura-coordenação se soma ao Custo Brasil, não há que temer Trumps ou Xi Jinpings. Na guerra comercial, o Brasil é o pior inimigo de si mesmo”.
Pensador original, estudioso da realidade brasileira, o palestrante é respeitado não apenas no Brasil, e será uma oportunidade rara ouvi-lo em Curitiba.