Serviço Social realiza visita ao assentamento do MST

O curso de Serviço Social do UniBrasil Centro Universitário, motivados pela disciplina de Movimentos Sociais e Serviço Social presente na nova matriz curricular do curso, realizaram no mês de abril visita no Assentamento do Contestado do Movimento Sem Terra na cidade da Lapa (PR). A atividade vincula-se a perspectiva de buscar o  aprofundamento dos conhecimentos teóricos e exerce-los na prática, conhecendo  de perto o funcionamento e a dinâmica de um movimento social

            As alunas e professoras passaram um dia em meio à comunidade escolar do assentamento que hoje conta com a Escola Latino Americana de Agroecologia de nível superior do curso de tecnólogo em Agroecologia, estando na sua quarta turma de graduação, onde os educandos ficam alojados na escola até a conclusão do curso, que dura três anos e meio. A Escola Latino foi construída com trabalho voluntário e inaugurada em 2005, pela Via Campesina e pelos governos da Venezuela e Paraná. Os alunos ingressam na escola pelo vestibular da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Instituto Federal do Paraná (IFPR), sendo aceitos calouros de toda a América Latina. Identifica-se fortemente a organização do movimento e de tudo que o agrega, principalmente seus princípios que são o estudo, a educação e o trabalho, estudam para a trabalhar com a terra no desenvolvimento da Agroecologia e Agrofloresta.  

Escola latinoO local onde se deu a ocupação pelo MST em 1999, era uma fazenda improdutiva da empresa Incepa, que além de improdutiva, também estava irregular no pagamento de seus impostos, depois de dois anos acampados neste local, os trabalhadores conseguiram a legalização da ocupação, através de indenização da empresa pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), bem como a quitação dos impostos devidos pela empresa, que ficou livre das dívidas em relação ao governo. Importante destacar que a organização na ocupação se dá por meio de núcleos, onde 10 -12 lotes formam um núcleo e cada núcleo tem um coordenador que participa das reuniões da comunidade e um representante de cada área (saúde/educação/produção), o coordenador e seus representantes, tem a função de repassar as informações do movimento e de trazerem as informações de cada núcleo.  A principal fonte de renda das famílias do  assentamento é a  produção de alimentos orgânicos através da agricultura familiar, tendo como principal demanda programas do Governo Federal, voltados para a   Política de Segurança Alimentar e Nutricional, aprovada no ano de 2010 –  Programa de Alimentação Adequada (PAA) e Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).  Hoje são 108 famílias produzindo no assentamento, cada família tem seu trabalho individual na agricultura familiar e para a comercialização dessa produção se organizam em cooperativa.

São muitos os desafios que o Movimento encontra em seu cotidiano, seus integrantes buscam o reconhecimento e o respeito da sociedade através de suas ações, a partir do trabalho consciente da terra, do respeito à natureza com a produção de alimentos livres de agrotóxicos, nessa dinâmica buscam a defesa da vida para todos, demonstrando que é possível um mundo mais humano, mais justo, menos consumista e de olhar coletivo para o bem de toda a sociedade.  O assentamento também possui tratamento alternativo de saúde com base em ervas medicinais reconhecido por toda a comunidade da Lapa.

Lapa ocupaçãoA intenção de realizar o trabalho em equipe é estimular à prática universitária de ensino, pesquisa e extensão possibilitando assim a missão cultural, profissional e social universitária de capacitar sujeitos críticos, competentes comprometidos com a democratização do acesso à diversidade cultural, além da disseminação da produção científica, artística e cultural para o desenvolvimento do país. A visita realizada por professores e estudantes de Serviço social vai de encontro aos princípios éticos da categoria profissional e tem como principal objetivo responder as demandas dos usuários, garantindo o acesso aos direitos assegurados na Constituição Federal de 1988 e na legislação complementar. Como futuros Assistentes Sociais essa experiência trouxe um novo olhar não só em relação ao movimento do MST, mas um novo olhar de sociedade, mais humana e igualitária, onde o respeito ao ser humano e a natureza são possíveis.

Texto: Maria Adriana Marghoti Bueno –  acadêmica do 5º período do curso de Serviço Social.

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