Em 21 de março de 2019, às 19 horas no Auditório Cordeiro Clève, como já se tornou uma tradição no Mês da Mulher, o UniBrasil Centro Universitário homenageará mulheres que, com seu trabalho, empenho e dedicação auxiliam na construção do Estado do Paraná, com a realização de mais um Projeto Mulheres Paranaenses.
Nesta data, em que serão contempladas trabalhadoras de destaque em variadas atividades: artistas, empresárias, professoras, políticas, ativistas, todas profissionais de sucesso e importantes para o Paraná e o Brasil, a meta é pontuar a importância de todas as mulheres através destas representantes, e mostrar suas práticas laborais, de cultura, lazer e solidariedade. Cada Escola faz uma indicação de homenageada externa à instituição dentro de sua área de conhecimento, pessoas de relevância em nossa comunidade, como forma de posicionar o UniBrasil quanto à questão de gênero e demonstrar atenção ao trabalho feminino em nossa sociedade.
E a indicada da Comunidade Acadêmica é a psicóloga Maria Virgínia Cremasco, psicanalista, doutora em Saúde Mental (Unicamp) com pós-doutorado em Psicopatologia e Psicanálise (Paris VII). Professora Associada do Departamento e do Mestrado em Psicologia da Universidade Federal do Paraná, é Coordenadora de Extensão da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, ao mesmo tempo que Diretora do Laboratório de Psicopatologia Fundamental da UFPR. Atua nos projetos Luto e Prevenção ao Suicídio, Núcleo Interdisciplinar de Enfrentamento à Drogadição e Centro Regional de Referência para Formação em Políticas sobre Drogas da UFPR.
Maria Virgínia é reconhecida na área da Psicologia, e já em 1996 participou da montagem do curso de Especialização em Sexualidade Humana na Faculdade de Educação da Unicamp. Na época, estava terminando seu Mestrado em Psicologia da Educação e havia entrado no Doutorado em Ciências Médicas na Faculdade de Medicina da Unicamp; já pesquisava na área de Saúde Mental e permaneceu na docência deste curso até 2002, quando, após o Doutorado, participou e foi aprovada no concurso da Universidade Federal do Paraná.
Desde a graduação em Psicologia na USP, realizado em Ribeirão Preto, tinha interesse em se tornar docente universitária e se envolveu com pesquisas de seus professores. No quarto ano conseguiu uma bolsa de aperfeiçoamento pela Fapesp para um projeto de pesquisa na área de sexualidade humana, foi a primeira aluna cursando quarto ano que obteve esse auxílio que era direcionado a recém-formados.
“Minha formação para a docência foi contínua, intensa e de muito aprendizado. Fui e sou uma entusiasta do ensino superior no sentido de acreditar nesta etapa de vida como fundamental para a universalidade e pluralidade de uma formação profissional libertadora e de qualidade. Sempre procurei estar em contato com essa diversidade, cultural e intelectualmente direcionada, e isso me ajudou e ajuda cotidianamente na minha prática docente e como motor para minha vida”.
Ela tem uma vida profissional muito intensa, com o trabalho na Pró-Reitoria de Extensão e Cultura, na graduação e na pós-graduação, que toma praticamente todo o seu dia e, muitas vezes, com as viagens e cursos fora, suas noites e finais de semana. Por isso, procura, sobretudo, ter uma vida interessante. Interessante no sentido de fazer o que lhe interessa e como interessa fazê-lo.
“Como gosto muito do que faço e me realizo nisso, cuido para que meu trabalho não seja a totalidade de minha vida. Cuidar de mim é algo que me dedico. ‘Amar e trabalhar’, Freud nos alertou sobre o que esperar quando temos saúde mental. Amo coisas além do meu trabalho: cuidar de plantas, cozinhar, assistir filmes e ler, muito. Adoro ir para o campo, estar no silêncio e em meio à natureza e procuro fazer isto em todos os finais de semana em que não preciso estar na cidade. Lá eu me abasteço e meus interesses se reafirmam”.
Quanto ao futuro de sua profissão, Maria Virgínia diz: “Imagino que a docência em Psicologia, como outras áreas de formação profissional, vai se reinventar. Precisamos urgentemente rever esses espaços de formação, torná-los socialmente referenciados e voltados à realidade que se atualiza constantemente. O ensinar escolástico não dá conta da formação de pessoas para a realidade que temos hoje, precisamos pensar e agir em direção a práticas inovadoras e emancipatórias que tornem nossos jovens profissionais críticos do que fazem, capazes de responder aos problemas reais de nossa sociedade e em direção à promoção de autonomia dos sujeitos.
Penso que a Psicopatologia, área em que atuo na docência e desenvolvo minhas pesquisas e extensão universitária, sempre terá algo a dizer sobre o humano e suas tragicidades: este discurso (logos) sobre o sofrimento (pathos) humano sempre poderá produzir lugares subjetivos de reflexão sobre a vida e a morte, mas, sobretudo, sobre o que vale a pena viver. Neste sentido, a psicopatologia recupera o de mais digno há no existir e espero que o mercado sempre produza trabalho para isso”.
Aos jovens que procuram formação na sua área, ela recomenda: “A primeira coisa que posso lhes dizer é sobre o cuidado, no sentido foucaultiano de potência à vida e no sentido freudiano, como função estruturante da subjetividade. O cuidado de si é o que nos torna potentes no cuidado do outro. Portanto, diria aos jovens que se cuidem: façam o que for preciso para melhor conhecerem sua dimensão páthica, para construírem novas possibilidades subjetivas aos seus sofrimentos pois assim, terão a força, a liberdade e o incentivo necessários para (re)criarem de forma interessantes o que se disponham a fazer profissionalmente. Talvez isso seja válido a todas as profissões, mesmo as mais ‘duras’, mas para ‘ser psicólogo’ é preciso estar bem com o ‘ser’ para que o fazer psicológico tenha sentido. O resto é consequência”.
Maria Virgínia honra o UniBrasil Centro Universitário com sua presença entre nós.
Texto: Wanda Camargo