O Instituto Memória, editora de Curitiba na qual muitos professores do UniBrasil Centro Universitário publicam seus livros, decidiu publicar um livro de contos escritos por mulheres, Palavra de Mulher, a ser lançado no próximo 25 de outubro às 19 horas, na sede do Círculo de Estudos Bandeirantes.
O editor, Anthony Leahy, decidiu que o livro prestaria homenagem à professora Dirce Doroti Merlin Clève, que nomeia o concurso de contos do UniBrasil.
Ela é intelectual, escritora, pesquisadora de genealogia, integrante da Academia Feminina de Letras do Paraná, ocupando a cadeira de número 10, e reconhecida como árdua trabalhadora para a melhoria de condição de vida de outras mulheres. Dotada de espírito de solidariedade inabalável, Dirce Clève é destacada Soroptimista, membro do movimento internacional composto por mulheres líderes em suas comunidades, que acreditam firmemente na união para tornar o mundo um lugar melhor para mulheres e meninas.
Publicando obras para o combate à violência, textos de acolhimento e inclusão, é voluntária das melhores causas, ativista da emancipação feminina em relação à pobreza, ignorância e exclusão social.
O UniBrasil Centro Universitário promove há vários anos, nas comemorações do mês da mulher – março – o Concurso de Contos Dirce Doroti Merlin Clève, de que podem participar apenas mulheres de até 35 anos. Isto poderia ser considerado reducionista, afinal homens escrevem contos, mulheres de mais de 35 anos escrevem contos.
Mas há um propósito bem definido nas restrições: mulheres sempre escreveram tanto e tão bem quanto homens, porém nem sempre publicaram suas obras ou tiveram a divulgação merecida e necessária, o que torna justa uma eventual compensação. Quanto ao limite de idade, está vinculado à atividade acadêmica, a maioria das estudantes está dentro da faixa etária, e trata-se de um certame realizado por instituição de ensino, embora aberto.
O livro agora lançado pelo Instituto Memória, foi aberto a mulheres de todas as idades, e participaram algumas ganhadoras do Concurso, algumas soroptimistas e até professoras do UniBrasil, além de outras escritoras.
As professoras Ivone Ceccato, Coordenadora do Curso de Letras da UNESPAR, e Jordana Cristina Blos Veiga Xavier, Professora deste Curso, escreveram o texto de apresentação do livro, de que citamos: “Anteriormente, uma tradição literária feminina era algo quase impossível de se conceber, devido ao fato de a literatura ser feita predominantemente por homens. Contudo, muitas obras de autoria feminina, que foram diminuídas e renegadas, emergiram e, a partir do século XVIII, a literatura se torna uma obra feminina.
Um dos momentos mais relevantes no percurso do reconhecimento da literatura feminina se dá em 1994, quando os escritos femininos são definidos como assunto principal e ocorre a busca por um discurso próprio especializado, mudando de foco ao deixar o caráter de leitura revisionista e ampliar para uma investigação consistente da literatura produzida por mulheres. Portanto, ocorre uma mudança de pensamento da crítica feminina com preponderância patriarcal para a que privilegia a mulher como protagonista de sua atuação enquanto escritora, ou seja, a mulher pela mulher, sem reforçar pré-conceitos da diferença, mas, sim, conceituar a escritura feminina na língua e no texto: inscrever a feminilidade.
O texto escrito por mulheres, sobre mulheres e para mulheres é diferente da escrita de autoria masculina na linguagem, no enredo, nos temas, no uso de metáforas ou de imagens. A identidade literária feminina descreve as forças que dividem um campo cultural individual das escritoras, situando-as acerca de variáveis da cultura literária, modos de produção e distribuição, autor e público, hierarquias de gênero etc. Assim, para romper de vez com os limites do território onde impera somente o discurso crítico masculino no decorrer da história, faz-se necessário estabelecer uma unicidade ideológica no próprio discurso feminino para reforçá-lo e propagá-lo em busca de uma independência plena”.
O UniBrasil Centro Universitário se orgulha de ter participado da carreira literária de muitas jovens, e festeja esta iniciativa do instituto Memória como mais uma ação de valorização da mulher escritora.
Texto: Wanda Camargo.