Equipe do 5º período do curso de Direito propõe uma reflexão acerca da disseminação das Fake News e os seus impactos em tempos de pandemia na sociedade
Na disciplina do ‘Projeto Integrador I’, estudantes do 5º período do curso de Direito foram incumbidos a pesquisar sobre o conceito das Fake News nos tempos de covid-19, sob a orientação da professora Allana Marques. Esta terminologia ganhou notoriedade com o avanço das plataformas digitais, onde os processos comunicacionais passaram a ser horizontalizados. Ou seja, o ciberespaço se torna palco de vozes dissonantes em contraposição à hegemonia dos veículos de comunicação.
Essa tecnologia, porém, abre brechas para a disseminação de boatos, conteúdos mal apurados e informação inverídica, mas que corresponde à “verdade” de uma bolha de pessoas. Este conceito é denominado de “Pós-verdade” que, segundo define o dicionário de Oxford de 2016, significa a prevalência da emoção da opinião pública sob o fato objetivo.
Tendo em mente essa nova realidade da sociedade da informação, os estudantes de Direito – Giovana Franco, Jocemar Mendes, Nathali Vidal, Sintia Carolina e Wagner Semfle – elaboraram um panfleto, intitulado “Vacina é um ato de amor”, como forma de conscientizar às pessoas sobre os benefícios de tomar as doses do plano vacinal do Sistema Único de Saúde (SUS).
Os estudantes recorreram também a especialistas no âmbito jurídico para esclarecer os limites da liberdade de expressão no mundo virtual. Até por conta da avalanche de informações mal intencionadas (denominada de infodemia) disseminadas no período pandêmico.
O palestrante convidado foi o professor Paulo Schier, doutor em Direito Constitucional, que enfatiza ser utópico “viver em um mundo onde não exista Fake News. O problema está na forma como as pessoas debatem sobre assuntos que podem impactar direitos alheios”.
Para sustentar a pesquisa com dados estatísticos, os futuros advogados criaram um questionário com oito perguntas, contemplando questões como: “Você acredita ter compartilhado notícias falsas?” e “Qual das notícias você acredita ser verdadeira?”, no qual a pessoa deveria saber distinguir uma notícia verdadeira de um boato. Na apuração dos dados, a equipe constatou que, dos 136 entrevistados de Curitiba e Região Metropolitana (RMC), 44,9% diz não ter compartilhado notícias falsas; 36,8%, respondeu “talvez”; e 18,4% tem consciência que passou para frente conteúdo falso.
Em posse das informações, os estudantes se propuseram a escrever uma cartilha para orientar a população idosa a recorrer às fontes oficiais, para evitar cair em armadilhas de correntes de Whatsapp. Além de órgãos de checagem dos fatos como Agência Lupa, membro do International Fact-checking (IFC), uma organização de jornalismo dos Estados Unidos.
Na análise dos dados, a equipe também constatou que, apesar dos veículos de comunicação terem perdido a legitimidade como os detentores da informação, os cidadãos ainda se informam por jornais. Há uma parcela que opta por recorrer à notícia por meio das redes sociais; outros assinalaram que obtém informação a partir de sites governamentais; e, por fim, os que só recebem conteúdo de conhecidos.