“Em um mundo cada vez mais complexo, quem desponta no mercado de trabalho é aquele que souber trabalhar com a conectividade da informação, dos dados e das pessoas”, diz mestre em Engenharia Aeroespacial
Você conhece aquela máxima: “Os meios de comunicação como extensões do homem?”. Esta ideia foi proferida pelo pensador inglês Marshall McLuhan, na segunda metade do século XX, para explicar a interação humana com as máquinas. McLuhan entendia que essa relação era tão intensa que, muitas vezes, era impossível distinguir corpo de máquina.
No decorrer das décadas, com o avanço da tecnologia, as pessoas desenvolveram cada vez mais dependência com seus dispositivos móveis, onde estão concentradas todas as informações do indivíduo. A esta unificação dá-se o nome de convergência tecnológica, processo que reúne algumas vantagens, como: economia de tempo, maior precisão, redução de custos e maior produtividade aos setores responsáveis pela Indústria 4.0.
Mas, afinal, como essa concepção dialoga com a Engenharia Mecânica? Quem explica os meandros da profissão, as tendências do mercado de trabalho e os desafios da área é o coordenador do curso de Engenharia Mecânica e Engenharia de Produção, do UniBrasil, Wilson Roberto Parisotto, mestre em Engenharia Aeroespacial, no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica).
Para responder ao questionamento acima, o professor explica que em um mundo cada vez mais complexo, o profissional precisa estar mais preparado para enfrentar os desafios do mercado de trabalho. “A evolução do engenheiro acompanhou o da sociedade. É uma sociedade da informação, onde as tecnologias estão cada vez mais presentes na vida das pessoas”, diz Parisotto.
Mesmo tendo essas facilidades na palma da mão, o engenheiro mecânico tem desafios a contornar no atual contexto mundial. “O desafio é transformar as informações em resultados otimizados, melhores e mais aplicados. Isso significa, em outras palavras: redução de perdas de materiais, de retrabalho, de energia elétrica e de consumo de água”, enfatiza o professor. Ele finaliza: “Tudo isso tem que estar dentro da preocupação do engenheiro quando está desenvolvendo um produto e/ou serviço”.
Tendências do Mercado de Trabalho
Com as exigências do mercado de trabalho, o engenheiro mecânico precisa buscar mais conhecimento na área de informática. “A função dele não é programar, mas entender essa linguagem. Ele terá que ter domínios dessa ferramenta”, orienta o mestre em Engenharia Aeroespacial.
Outra tendência muito presente na profissão é a Biomecânica, presente na Medicina, área cada vez mais integrada à Engenharia Mecânica. Parisotto conta que há “trabalhos desenvolvidos, como próteses, que se utilizam da manufatura aditiva ou impressão 3D, para impactar positivamente a vida das pessoas”. Exemplo citado pelo professor é o gesso que vai gradativamente cair em desuso. “Você vai conseguir mobilizar o braço fraturado, imprimindo no formato do corpo da pessoa, permitindo a troca de calor e dando conforto ao paciente. Isso já é possível, porém precisa ser massificado”, finaliza.
Quais as softs e hards skills que se espera do engenheiro mecânico?
Os recrutadores esperam que os profissionais cumpram alguns requisitos básicos para preencher as vagas nas empresas. Dentre as habilidades que os engenheiros mecânicos devem se aperfeiçoar estão: a capacidade de trabalhar em equipe e com diferentes culturas.
O professor Parisotto orienta aos acadêmicos que, além de aprender as habilidades clássicas da área, como Mecânica dos Fluídos, Termodinâmica, Cálculo, Gestão de Projetos, Economia, dentre tantas outras disciplinas importantes para a formação, eles devem desenvolver aptidões em comunicação. “O soft skill é o maior desafio, porque contempla habilidades de comunicação e de relacionamento interpessoal, que vem sendo trabalhado dentro das universidades, como é o caso do UniBrasil”, conclui.
Meio ambiente em consonância com a Engenharia Mecânica
Poluição. Escassez de recursos. Extinção das espécies vegetais e animais. Estas são apenas algumas das situações mundiais que impactam drasticamente a sociedade. Para buscar soluções às problemáticas ambientais, o professor Parisotto diz que o engenheiro mecânico deve, primeiramente, se perguntar: “Qual o propósito do meu projeto? Ele tem uma contribuição social? Gera o menor impacto ambiental?”.
Wilson Roberto Parisotto diz que os engenheiros precisam ter visão de mundo. “Ele [engenheiro] precisa identificar problemas e propor soluções que sejam melhores para aquelas condições que dispõe do momento. Daí que entra o conceito de Kaizen, que significa, no japonês, a melhoria constante, com as ferramentas, condições e os recursos que estão ao alcance do engenheiro. Porém não se contente. Chegou no resultado? Ótimo. Agora, faça algo melhor”, complementa.