Durante a investigação de um caso recente de fraude em concurso público, o trabalho qualificado dos policiais civis do Distrito Federal voltou a ficar evidente graças à inovação e à iniciativa demonstradas pela perita papiloscopista Ana Martha Silva.
A policial foi incumbida de realizar o confronto entre a impressão digital do suspeito e as duas digitais presentes no cartão de resposta da prova. Durante a análise, no entanto, ela verificou que a pessoa rasurou as impressões colhidas no cartão de resposta do concurso.
Com uma caneta preta, e de forma claramente deliberada, foram feitos rabiscos que seguiam as linhas das digitais – na tentativa de inviabilizar a identificação. E, de fato, da forma como estava, não seria possível apresentar um laudo conclusivo.
Segundo Ana Martha, ao avaliar a imagem, ela conseguia perceber que de fato as digitais pertenciam à pessoa questionada, entretanto, não havia condições para marcar pontos individualizadores suficientes, conforme preconiza a literatura. “Por isso, eu não teria como produzir uma prova material concreta e o laudo teria que ser apresentado como inconclusivo”, relata.
Foi aí que a papiloscopista, que está na Polícia Civil do DF (PCDF) há apenas oito meses, teve uma ideia que, até então, nunca tinha sido realizada no Instituto de Identificação (II). Durante a Academia de Polícia, ela teve a oportunidade de conhecer as demais unidades da instituição, a fim de entender toda a diversidade de atividades possíveis – incluindo aquelas da Seção de Perícias Documentoscópicas (SPD), do Instituto de Criminalística (IC).
Na SPD, os peritos criminais contam com um dispositivo de imagem hiperespectral que aplica luzes e filtros em diferentes comprimentos de onda para verificar a adulteração de documentos, a exemplo da duplicidade de tinta em cheques. Com isso em mente, Ana Martha decidiu solicitar um laudo também do IC.
Lá, o perito criminal André Gonçalves, por sua vez, realizou o procedimento de separação de tonalidades sobrepostas às impressões. Não só foi possível identificar todas as regiões onde havia as marcas de tinta, como também puderam ser apresentadas as digitais livres das manchas e traços feitos pelo suspeito.
Com esses resultados, a perita papiloscopista conseguiu, então, verificar os pontos característicos das impressões digitais no cartão de respostas. Foi analisada também a correspondência ao padrão registrado na identidade do suspeito e, por fim, o laudo de perícia papiloscópica foi produzido de forma robusta e conclusiva.
“É muito gratificante quando conseguimos resultados positivos como esse, afinal é para isso que nós trabalhamos todos os dias e buscamos sempre aperfeiçoar as técnicas e adquirir novos conhecimentos”, afirma Ana Martha, ressaltando, ainda, o sucesso do caso como resultado do trabalho conjunto entre os diferentes cargos.
“Nós entramos na Polícia com vontade de fazer a diferença, de contribuir para o bem comum e para a construção de uma sociedade mais justa. E é muito bacana quando esse esforço é reconhecido”, acrescenta a perita papiloscopista, que, em razão do caso, também recebeu um elogio – assim como o perito criminal André Gonçalves – do Departamento de Polícia Técnica (DPT), atualmente dirigido pelo perito criminal André Carrar.
Texto e foto: Comunicação Sinpol-DF