O escritor e sociólogo Demétrio Magnoli, doutor em geografia humana, falou na noite desta quarta-feira (18), sobre o conflito histórico entre Israel e Palestina. Promovido pelo Graciosa Country Club, o encontro entre o especialista em política internacional e convidados que faz parte do Ciclo de Palestras Pensando o Brasil aconteceu com o apoio do UniBrasil Centro Universitário, da instituição humanitária judaica B’nai B’rith do Solar do Rosário e Casillo Advogados. Durante sua palestra, Demétrio expôs as questões importantes que levaram ao atual cenário naquela região do oriente médio.
Segundo ele, a solução para instalar a paz no local existe, porém até hoje nenhum dos lados reconheceu como legítimo algum representante capaz de realizar um diálogo eficiente. “As fronteiras para a delimitação entre estado de Israel e a Palestina já foram sugeridas pela Organização das Nações Unidas em 1947. Até hoje seu avanço ficou parado em função da dificuldade de negociação entre os representantes de cada um dos lados religiosos, judeus e árabes”, comenta. “Não há dificuldade territorial. Em uma possível divisão, Jerusalém pode se tornar a capital dos dois estados e os lugares sagrados poderão ser administrados por ambas as partes. A dificuldade é a falta de representantes politicamente moderados que permitam o diálogo entre os dois grupos”.
Demétrio ressalta que, demograficamente, a região está caminhando para concentrar um maior número de árabes. “As grandes correntes migratórias que levaram os judeus para a região fizeram com que seu número fosse o maior até a década de 1980. Quando estas migrações acabaram, aquela população se manteve praticamente estável enquanto a taxa de natalidade dos árabes foi crescendo”, contextualiza. Segundo ele, este é um fator que deve afetar diretamente as decisões políticas nos próximos anos. “Se Israel não fizer um acordo, as tendências demográficas começarão a se voltar contra os judeus. São três situações possíveis: a primeira é que teríamos um estado único, judeu, porém totalitário; a segunda é que teríamos dois estados, um judeu e um árabe, e ambos democráticos; e o terceiro é que manteríamos as batalhas entre grupos árabes e judeus, sendo que os primeiros defenderiam a independência, mas com cada vez mais força populacional. ”
Neste cenário, Demétrio defende que a política externa brasileira continue atuando em defesa da instalação dos dois estados. “Nos últimos anos o governo defendia, na teoria, a instalação dos dois estados, mas na prática a política petista tendia a favorecer a Palestina. Com a entrada deste novo governo, é importante que as ações expressem exatamente o posicionamento teórico político. ”
Discussão atual
Wanda Camargo, assessora da presidência do UniBrasil Centro Universitário, destaca a importância de promover discussões sobre políticas atuais. “A instituição universitária tem o papel de despertar o interesse dos alunos em se aprofundar sobre temas que fazem parte do mundo atual. A oportunidade de trazer Demétrio Magnoli para Curitiba mostra, mais uma vez, o compromisso que o UniBrasil tem em fomentar discussões embasadas no pensamento de profissionais respeitados. ”
Liana de Camargo Leão, diretora Cultural do Graciosa Country Club, concorda com a importância e a atualidade do debate. “É um assunto que está em pauta globalmente e que também envolve as comunidades que vivem aqui. Para o Graciosa, receber sócios e parceiros para uma palestra como esta só tende a agregar mais conteúdo para o nosso público”, ressaltou.
Ester Proveller, diretora do B’nai B’rith, concorda e ressalta como a comunidade judaica instalada no Brasil preza pela paz entre Palestina e Israel. “É uma questão importante e hoje defendemos que, com os dois estados sendo instalados, haverá uma demonstração de compreensão que vai além das questões religiosas. ”