Texto por Professora Wanda Camargo.
O professor Agostinho Ramalho Marques Neto irá proferir a Aula Magna dos Cursos de Direito e Psicologia do UniBrasil com o tema “Direito e Psicanálise: uma interlocução”, em 15 de agosto, às 19 horas no Auditório Cordeiro Clève. Ele é psicanalista, mestre em Direito e também Notório Saber pela UFPA, professor nas áreas de Filosofia do Direito e Filosofia Política em cursos de graduação e pós graduação em todo o Brasil.
Muitos textos relatam que Freud se expressou frequentemente como um jurista, e é preciso lembrar que ele renunciou, em sua juventude, a uma carreira jurídica e algumas ambições políticas, o que mostra que estas duas disciplinas sempre caminharam lado-a-lado.
As noções de conflito (Konflikt), defesa (Abwehr), juízo de condenação (Verurteilung ou Urteilsverwerfung), e a necessidade de punição, tem nas duas o mesmo significado.
O Superego freudiano é encarregado das tarefas de legislador, de juiz de segunda instância, e talvez até de Corte suprema.
A oposição entre sujeito e objeto, subjetividade e objetividade, distanciou a Psicanálise e o Direito, como se fossem territórios reservados e o cruzamento de fronteiras uma ameaça e infidelidade científica; mas desejo e curiosidade não são transgressões às leis de cada uma dessas áreas do saber. Entre ambas temos semelhanças e diferenças, encontros e desencontros a respeito da verdade, da natureza, do valor do conhecimento, incluindo os obstáculos para atingi-lo; a psicanálise nos aponta estes obstáculos, os sintomas e atos falhos, como dito por Freud, produtos do conflito entre afeto e pensamento, entre desejo e repressão, entre consciente e inconsciente.
Em comum entre ambas, a necessidade do entendimento do conflito. No Direito uma pretensão resistida, barulho que deve ser silenciado; na Psicanálise uma atenção ao conflito, a busca de suas razões para que se transforme em harmonia.
Todos nós passamos por vivências afetivas comuns, universais, e o sujeito de Direito e o sujeito do Desejo buscam a verdade das relações; vamos aprender mais sobre isso com o professor Agostinho, pois estas ciências privilegiam o discurso, a palavra, seus usos e interpretações, e os profissionais que as realizam são profissionais da escuta.