No próximo dia 15 de maio, às 20 horas, o Graciosa Country Clube receberá, com o apoio do UniBrasil Centro Universitário, Solar do Rosário e Casillo Advogados, um dos mais importantes economistas do Brasil: Pedro Sampaio Malan, que como Ministro da Fazenda nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso foi um dos arquitetos do Plano Real e chegou a ser cogitado como sucessor do presidente.
Pedro Malan é economista e engenheiro eletricista, tem doutorado em Economia pela Universidade Berkeley, e foi professor da PUC-Rio. Foi também Presidente do Conselho de Administração do Unibanco, atuou como presidente do Conselho Consultivo Internacional do Itau Unibanco, além de participar do conselho administrativo da Via Varejo, holding que controla o Ponto Frio, e da Alcoa Alumínios.
Está lançando um livro intitulado “Uma certa ideia de Brasil: entre passado e futuro”, com textos sobre a política e a economia do país nos últimos quinze anos. Em entrevista recente revelou seu Brasil ideal: “Gostaria que pudesse combinar três coisas que acho fundamentais: liberdades individuais, maior justiça social e eficiência na ação operacional do setor público e privado. Como fazer tudo isso ao mesmo tempo? É preciso mais diálogo e menos polarização”.
Segundo ele, o processo de transição entre os governos FHC e Lula, no começo dos anos 2000, foi exemplo de convergência. Para acalmar o mercado, as duas equipes econômicas trabalharam juntas durante um breve período. E aponta: uma das saídas para a situação atual é investir em ações na área macroeconômica: “Caso contrário, você vai estar simplesmente agravando o problema, adiando o futuro e transferindo o problema para futuras gerações. Já fizemos isso no passado e não deveríamos tentar reeditar essa experiência”.
A área “não macroeconômica” não é menos relevante. Ela diz respeito ao sistema de incentivos e desincentivos a decisões de investidores, poupadores e consumidores dados pelo sistema de preços relativos tal como afetados por interferências governamentais sobre preços administrados, desonerações fiscais, subsídios. O excesso de ativismo do governo pode levar, como vimos, a uma série de distorções na alocação de recursos e ao aumento de incertezas jurídicas que pairam sobre decisões de investimento. O contexto regulatório e a defesa da competição são cruciais, e a reforma do Estado passa também pelo estabelecimento de sistema de avaliação permanente da qualidade do gasto público.
“Na área de reformas, a prioridade no curto prazo é a aprovação da reforma da Previdência, com o sentido de urgência que o tema exige. Nosso bônus demográfico esvai-se a partir de 2019, a população de aposentados cresce a uma taxa cinco vezes superior à da população total. Na área social, por fim, o desafio fundamental está na educação, com foco na redução das desigualdades de oportunidades — o que significa prioridade aos anos iniciais, no aprendizado dos alunos nas idades certas”.
Ainda segundo suas palavras, para enfrentar esses desafios “é preciso reduzir as graves incertezas que existem sobre três aspectos fundamentais. O grau de entendimento da população, ainda precário, sobre a gravidade da questão fiscal. O grau de comprometimento de lideranças políticas com o equacionamento do insustentável desequilíbrio em nossas contas públicas. E o caráter determinante de ambos para recolocar a economia na rota do crescimento sustentado, por meio da retomada de um clima de confiança de investidores domésticos e internacionais”.
Malan é cauteloso, mas crê que sempre haverá um futuro a ser construído — desde que uma sociedade seja capaz de formar certas ideias compartilhadas, o que exige que tenhamos uma boa ideia sobre onde estamos e sobre como chegamos à situação atual e seus desafios.
Ouvir Pedro Malan é entender, de forma clara, o que é o Brasil, tal como proposto no Projeto Pensando o Brasil, idealizado pela diretora cultural Liana Leão.
Texto: Wanda Camargo