No último dia 15 de maio, o economista Pedro Malan proferiu palestra no Graciosa Country Clube, com apoio do UniBrasil Centro Universitário, Solar do Rosário e Casillo Advogados. Contando com a presença prestigiosa do presidente do UniBrasil, professor Clèmerson Merlin Clève, da diretora do Solar do Rosário, Regina Casillo, do advogado João Casillo, de Casillo Advogados, de Tarcísio Kroetz, presidente do Instituto dos Advogados do Paraná (IAP), da diretoria do Graciosa e de numeroso público.
Um dos mais importantes economistas do Brasil, Malan foi Ministro da Fazenda nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, foi um dos arquitetos do Plano Real, é economista e engenheiro eletricista, tem doutorado em Economia pela Universidade Berkeley, e foi professor da PUC-Rio. Foi também Presidente do Conselho de Administração do Unibanco, atuou como presidente do Conselho Consultivo Internacional do Itau Unibanco, além de participar do conselho administrativo da Via Varejo, holding que controla o Ponto Frio, e da Alcoa Alumínios.
O tema sobre o qual falou, “Uma certa ideia de Brasil: entre passado e futuro”, é também o título do livro que está lançando, coletânea de textos que publicou no jornal “O Estado de São Paulo”, entre 2003 e 2018. Um período da história do país que abrange cinco mandatos presidenciais.
Muito mais do que seleção de artigos sobre política e economia, a obra é a síntese da visão de um grande brasileiro sobre seu país. Sem nunca perder a compostura ou ceder ao negativismo, Malan faz a crítica necessária mesmo aos amigos e aliados e, quando merecidos, os elogios cabíveis aos adversários. E essa foi a tônica de sua fala.
Segundo o autor: “Durante os últimos 15 anos, o Brasil experimentou momentos decisivos e grandes inflexões. Aqui [no livro] estão tratadas, na ordem cronológica em que foram escritas, a transição do governo FHC para o primeiro governo Lula (2002-2003); reflexões sobre Lula I; a importância da inflexão desenvolvimentista, clara logo após abril de 2006; reflexões sobre Lula II; o superaquecimento e as eleições de 2010; o governo Dilma I e as consequências da forma como se deu sua reeleição em 2014, em seus desdobramentos até o impeachment. Há ainda 16 artigos escritos na vigência do governo Michel Temer, sempre procurando ligar passado, presente e futuro”.
E ainda: “Processos de mudança em democracias de massas urbanas, caso do Brasil, exigem um informado debate público e uma imprensa livre e independente. Esse debate permite que pessoas e grupos formem ou mudem sua opinião à luz de novas evidências. Permite também compreender por que em sociedades complexas é crescente o número de problemas cuja solução requer lideranças políticas e contribuição expressiva de competências técnicas. Aprender com experiências passadas, nossas e de outros, depende da existência de arcabouços conceituais coerentes e minimamente compartilhados de forma consistente, que possam estruturar a discussão sobre as lições a serem aprendidas sobre velhos erros; bem como sobre novos erros a evitar. As discussões relevantes não são sobre a identificação dos objetivos meritórios a perseguir; mas sim – uma vez alcançada certa convergência sobre os grandes desafios – sobre as políticas públicas mais aptas a permitir que os objetivos possam ser alcançados”.
A plateia que lotou o Clube para ouvi-lo, concordando ou não com ele, certamente teve elevado significativamente seu nível de compreensão de Brasil, e do que moveu o país nos últimos quinze anos. Malan é elegante nas suas colocações, um grande estudioso e sempre disposto a auxiliar a construir um melhor futuro, mas considera que para uma sociedade capaz de formar certas ideias compartilhadas, é indispensável que tenhamos uma boa ideia sobre onde estamos e sobre como chegamos à situação atual e seus desafios.
Texto: Wanda Camargo