Acadêmicas de Pedagogia ministram palestra aos alunos do EJA em Colégio Estadual

Projeto de capacitação visa orientar os estudantes para o mercado de trabalho

Acadêmicas do UniBrasil em palestra com os alunos do EJA, professores e pedagoga, Selma Joslin, no Colégio Estadual Maria Montessori.

As acadêmicas do curso de Pedagogia, do UniBrasil, Bruna Baroni Biazin Rocha e Claudia Correia da Silva, do 8º período, ministraram palestra sobre os principais cursos técnicos existentes no mercado aos estudantes do EJA (Ensino de Jovens e Adultos). O encontro inicial, no Colégio Estadual Maria Montessori, visava incentivá-los a perseverar nos estudos e, assim, materializar os sonhos, mesmo diante das adversidades impostas. 

Em torno de 30 estudantes participaram da palestra, dentre eles jovens, adultos e idosos, além dos professores responsáveis pelas disciplinas de matemática financeira e português, acompanhados da pedagoga Selma Joslin. 

O projeto, intitulado “Capacitação de professores da escola Maria Montessori em EJA”, sob a supervisão das professoras Andrea Mayer Veiga e Fabiana Neves, tem por intuito preparar os acadêmicos do 8º período aos desafios da alfabetização, tendo como público-alvo o EJA. Para a professora-coordenadora do UniBrasil, Andrea Mayer Veiga, esta experiência na formação das alunas permite desenvolver a autonomia para estar à frente de uma sala de aula. 

Segundo comenta Selma Joslin, pedagoga do Colégio Estadual Maria Montessori, há duas turmas do EJA, uma está terminando o curso em meados de dezembro, e a outra iniciando, com a nova grade curricular, implantada pelo MEC (Ministério da Educação), que contempla as principais áreas do conhecimento (linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas), aliadas aos itinerários formativos, que compreende processos criativos, empreendedorismo, entre outros eixos estruturantes. 

Para dar início a conversa, Bruna e Claudia compartilharam suas trajetórias acadêmicas, contando os percalços que tiveram durante a vida. A estudante Bruna, de 27 anos, diz: “Eu sei que não é fácil [estudar e trabalhar]. Assim como vocês, eu também me formei no EJA”. Ela relembra da infância quando reprovou no ensino fundamental I. “Fiz a segunda série (na nomenclatura atual é o 3º ano) três vezes, mas terminei os estudos porque eu quis, partiu de mim essa ânsia por concluir os estudos”, confessa. 

Aos 38 anos, Claudia está prestes a conquistar o diploma, só falta escrever o trabalho de conclusão de curso (TCC). A última vez que esteve em sala de aula, como estudante, foi em 2002. À época, encerrava os estudos no ensino médio. Depois de 15 anos afastada, tomou a decisão de desbravar a universidade. “Sou suspeita para falar, mas sou apaixonada pelo UniBrasil e pelo curso de Pedagogia. Meu sonho sempre foi ser professora”, diz. 

Em mensagem de incentivo aos presentes, Claudia finaliza: “Dou os parabéns pelo esforço de vocês, porque conciliar trabalho e estudo não é uma tarefa fácil. Mas não desistam, vale a pena”. As acadêmicas concordam que não existe idade para materializar os sonhos. 

 

“Saber o que deseja é primordial”

Em entrevista concedida ao UniBrasil, Marcelo Luiz e Valdir Ferreira de Almeida anseiam terminar o Ensino Médio o mais rápido possível. Quando jovens, eles não tiveram a oportunidade de concluir os estudos. Hoje, no auge dos 52 anos, os dois vislumbram conquistar altos cargos no mercado de trabalho, por meio da educação completa. Para vencer as exigências das empresas, os alunos estão se preparando diariamente para criar um currículo consistente o suficiente e submeter aos processos seletivos das empresas. Como é o caso do Marcelo, que trabalhou no departamento de mecânica industrial por 22 anos, e ainda pretende retornar ao cargo, mas, agora, com mais experiência profissional. “Fiz o curso de operador de ponte rolante, 5S, recebimento de matéria-prima. Tudo com certificado”, enumera Marcelo cada conquista profissional durante a vida. “Pretendo voltar para mecânica industrial, para poder trabalhar em empresas como Volvo, Caterpillar e New Holland, que tem uma credibilidade maior no mercado”, finaliza. 

Marcelo Luiz compartilha o sonho de ser tecnólogo, uma área que, segundo ele, está se expandindo diariamente.

Já Valdir Ferreira de Almeida parou de estudar aos 12 anos, na quinta série (atualmente 6º ano), em 1982. Ele olha para trás com um certo arrependimento, mas enfatiza que as circunstâncias nunca o permitiram concluir os estudos. Ele relembra que o falecimento da mãe deixou certas responsabilidades que não tinha dimensão. Desde da adolescência, teve que buscar meios para se sustentar, vendendo pamonha, milho verde e caldo de cana. Nessa época, conheceu a esposa que o ajudou nas vendas para manter a casa financeiramente e os dois filhos, João Victor e Ana Julia.

“Eu sempre quis ser professor de História. Acredito que não tenho mais idade para isso. Mas, hoje, pretendo fazer curso técnico em Edificações, para aperfeiçoar os conhecimentos em elétrica, hidráulica, drywall, pintura, entre outros”, comenta Valdir. O objetivo depois era colocar os filhos na faculdade. Ele materializou esse objetivo: João Victor é graduando de arquitetura e urbanismo, e Ana Júlia, de Pedagogia. Por fim, Valdir prioriza o próprio sonho, indo para as aulas à noite, no EJA. 

Valdir Ferreira de Almeida estuda no EJA, no Colégio Estadual Maria Montessori.

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